Empresas que alugam espaços de escritório com a Wework, que está inadimplente com os proprietários dos imóveis no país, estão procurando alternativas com concorrentes desse mercado para evitar o risco de despejo. Fundos imobiliários que alugam edifícios para a empresa emitiram comunicados nas últimas semanas alertando sobre a inadimplência da Wework e ameaçaram com ordens de despejo. 

A Wework passa por um momento delicado em sua operação mundial – pediu recuperação judicial (“Chapter 11”) nos Estados Unidos em novembro de 2023, processo encerrado em junho. Um executivo da área jurídica de uma companhia que ocupa andares de um prédio da Wework na zona oeste de São Paulo afirmou ao Valor, sob condição de anonimato, que a empresa ficou sabendo das ações de despejo pela mídia. “Fomos surpreendidos. Todas as empresas estão pagando a Wework normalmente”, disse ele, referindo-se a outras companhias do mesmo local. 

Embora muitos ocupantes de coworkings consigam operar de forma remota, há preocupação com questões legais, como o fato de ser preciso ter uma sede para manter a empresa aberta no país. “Precisamos de mais tempo para tomar uma decisão e nos mobilizar”, disse. 

Essa fonte não descarta entrar com medidas judiciais. Dos fundos que comunicaram inadimplência da Wework, dois publicaram fatos relevantes na semana passada informando sobre o pagamento de aluguéis atrasados. O ALMI11, que tem um edifício no Rio, comunicou o pagamento de três meses. O TRNT11, com prédio em São Paulo, anunciou que recebeu o aluguel de julho. 

Concorrentes da empresa veem, nessa crise, oportunidade para ampliar operações. A GoWork, que possui 40 mil m2 de escritórios compartilhados em São Paulo, já fechou 32 contratos com clientes vindos da Wework, afirmou o CEO Fernando Bottura, para 312 estações de trabalho. A empresa está orçando outras 2,8 mil estações.  

[… ]Mariana Hanania, diretora de pesquisa de mercado da Newmark, afirmou que antes dos pedidos de despejo da Wework já havia um movimento de empresas que ocupam escritórios compartilhados, principalmente as grandes, buscarem áreas próprias, o que pode ser potencializado. Segundo uma fonte, há incerteza entre os ocupantes sobre as condições de saída, porque a Wework poderia cobrar multas. Para as concorrentes, é momento de zelar pela imagem dos coworkings.

“Precisamos provar para o mercado e para os proprietários de ativos que a solução funciona”, disse Bottura. 

Alves ressaltou que o setor está em seu “melhor momento”, incentivado pelo trabalho híbrido, que a sua companhia atua há 30 anos no Brasil, onde tem 48 mil clientes.  

Embora se fale em sublocação, os contratos da Wework são de prestação de serviço, porque envolvem também outras atividades, como recepção e caixa postal, afirmou o advogado imobiliário Paulo Rodrigues, do escritório Dias Carneiro. Assim, o inquilino da Wework não tem relação jurídica com o proprietário do imóvel, e este pode impedi-lo de frequentar o prédio se o despejo acontecer. 

Procurada, a Wework disse, em nota, que desconhece qualquer ordem de despejo e segue operando os seus prédios. O atraso nos pagamentos teria o objetivo de “acelerar as conversas para chegar a resoluções que sejam do melhor interesse de todo o ecossistema”. Afirmou, ainda, que as negociações já estão resultado em acordos com locadores. 

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